Se há algo nesta vida de que não escapamos é o tempo.
Na vida corrida em que vivemos parece cada vez mais difícil acharmos tempo para todas as obrigações, necessárias ou não, que precisam ser feitas, que precisam de atenção. Cronometrar as atividades diárias tornou-se imperativo. E com todas essas coisas na cabeça o tempo passa….
Quando se é criança esse tempo parece não existir, sempre há alguém que se preocupa com o que precisa ser feito. A vida é feita de prazer e brincadeiras. Chega um tempo, entretanto, que a pressa é a tônica. Na adolescência é preciso correr, fazer de tudo, aprender tudo e “ai que necessário fazer 18 anos”, poder dirigir, ir e vir sem dar (muitas) satisfações a alguém. Que delícia de época!
Então a vida segue seu curso…fazemos faculdade, escolhemos um trabalho, casamos ou não, temos filhos ou não e, na fúria do dia a dia construindo a vida em que acreditamos o tempo passa! E de repente, ao que nos parece, ficamos velhos ou estamos próximos da velhice. Afinal quando éramos jovens, quem tinha 50/60 anos era sim visto como velho.
E o que construímos para essa fase de vida que se começou a chamar de “melhor idade”?
Os filhos cresceram e fizeram suas próprias vidas, o que é muito saudável e desejável, pois não queremos tê-los sob nosso teto por muito tempo. O trabalho…bem esse também se esgotou – trabalhar por mais de 40 anos também não nos parece saudável ou apropriado. Pequenos hábitos se tornam vícios e o risco de ficarmos (muito) intolerantes é bem grande, portanto é melhor deixar aqueles mocinhos que entendem “tudo” de computador e tecnologia assumirem nossos lugares enquanto nós vamos… Prá onde mesmo?
O risco de a vida ficar vazia, muito vazia é bem grande. Voltar nosso investimento de energia para nós mesmos é muito comum, tão comum quanto esse excesso de energia se transformar em doenças, pois quando não escoamos a energia que ainda temos de sobra para algum fim prazeroso, a chance de ela ficar estagnada em nosso corpo é imensa. Sem contar que o próprio corpo já não é mais o mesmo e que pequenas engrenagens necessitam de mais “óleo” e atenção para não enferrujarem. Tenho para mim que tudo, mas tudo mesmo, que não é usado, enferruja!
Portanto é tempo de buscar aquele velho sonho de tocar piano, dançar ou aprender qualquer coisa que não foi possível até então, e torna-lo realidade. Ainda resta muito gás para os “velhinhos” de 60 anos ou mais hoje. A vida só acaba quando nossa energia se esvai para um outro lugar.
Reviver velhos amores e amizades, reavivar a relação com o parceiro/a da vida toda, ou com alguém nem tão antigo, e entender que a vida também mudou para eles/as, que ficaram “chatos e intolerantes” é muito importante também para tornar nossa vida mais palatável. Criar novas maneiras de se relacionar com parceiros, filhos, netos, amigos e conhecidos pode trazer um maior bem estar. Bem estar com nosso próprio corpo, com nossas rugas, com aquela gordurinha que não quer sumir… com a vida, a nossa vida enfim!
Marcia El Hage – CRP-06/98040